quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

a inutilidade da matemática

Parece que não há nenhum motivo para se convocar um matemático para alguma tarefa. (Diga-se a verdade: há outras profissões com o mesmo status. Por exemplo, um filósofo.) Não há nada no dia-a-dia que possa ser resolvido com ajuda da matemática. Saber provar a desigualdade de Cauchy-Schwarz, conhecer o Teorema de Stokes ou a série de potências do cosseno não adiantam nada. Só para aplicar e obter resultados mais complicados que menos ligação têm com a vida comum.

Só se presta ajuda para empresas: quem quer maximizar os lucros, contabilizar os negócios, saber a hora de investir. Isto é triste. Não quero servir a empresas nem a bancos. E passar adiante o conhecimento não será tão útil, já que só alimenta o ciclo. Como o homem que estudou, pesquisou, passou a vida inteira descobrindo como caçar dragões. Em sua velhice, percebendo que não existiam dragões, resolveu... ensinar a caçar dragões!

Matemática não reduz a desigualdade social, não alimenta os pobres (a não ser aqueles que estudem e sejam merecedores de bolsas de estudo e posteriormente salários de professores universitários). Não é tão útil. É ciência do capitalismo, de direita, que prefere manter as coisas como estão a mudá-las. Estudar matemática não mudará o sistema, nem nada. É uma solução individual para a vida. (Educação básica muda as pessoas, sim, construção escolas previne contra construção de prisões. Mas não se pode dizer o mesmo da matemática avançada que poucos chegam a conhecer.)

Introdução

Este blog tem a intenção de apresentar os aspectos sociais da vida de um matemático: sua função na sociedade, tentativas de esboçar um comportamento comum, talvez ensaios sobre a possibilidade de conhecimento.

Mas nada poderá dizer o que este blog será do que o que será.

Há um preciosa ambiguidade no nome do blog: O Vetor Normal pode significar tanto a vertente canônica, que segue os padrões, seguindo o significado comum de 'normal', como aquela que é heterodoxa, "ortogonal" às outras, que segue em outra direção, entendimento resultante do sentido matemático de 'normal'.